Apesar de a maioria das empresas no Brasil serem familiares, ainda são poucas que conseguem, de fato, levar adiante os negócios nesse formato. Ou seja, a sucessão empresarial familiar ainda é um desafio muito grande no país.
Certamente, existem inúmeros fatores que influenciam nesse resultado, como a questão de envolver relacionamentos familiares dentro do negócio, disputas internas, controle centralizado.
Enfim, são inúmeras as situações.
Contudo, mesmo com um número alto de empresas que não deram certo, existem aquelas que se destacam e muito, como é o caso da Tramontina.
A história de sucessão empresarial da Tramontina é exemplo para muitas outras empresas, pois até hoje conseguiu manter o legado com a família que deu origem ao negócio.
Então, para entender o porquê essa sucessão empresarial deu tão certo, trouxemos nesse texto toda a história da família e o que eles fizeram para terem esse resultado.
Hoje você vai conhecer uma grande história não só de empresários, mas de uma família empresária.
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História da Tramontina
Para começar, precisamos falar da história do grupo Tramontina, desde o seu começo.
Nesse sentido, a empresa foi criada em 1911, por Valentim Tramontina, em Carlos Barbosa, no Rio Grande do Sul.
Valetim era filho de imigrantes italianos e resolveu começar em 1911 a fazer pequenos reparos em ferro para algumas indústrias ali perto. Além disso, também ajudava a fazer as ferraduras para cavalos.
Em 1925 Valentim resolveu melhorar sua produção, começando a fazer canivetes com cabo de ossos, sendo esse o ponto de partida para o início da cutelaria da Tramontina.
A cutelaria é o ramo que trabalha na elaboração de instrumentos de corte, como facas, por exemplo.
Valentim cuidou da empresa que fundou até o ano de 1939, quando veio a falecer e deixou seu lugar para sua esposa Elisa.
Passados 10 anos, o filho de Valentim e Elisa, Ivo, assumiu também os negócios da família. Para melhorar o negócio, entrou na sociedade também Ruy Scomazzon.
Com o implemento de tecnologias e novas formas de elaborar os processos de cutelaria, a empresa estava tão grande que em 1961 se tornou uma sociedade anônima.
Os anos foram passando e a Tramontina seguiu evoluindo e se tornando uma das maiores marcas do Brasil nesse ramo, com mais de 20 mil produtos.
Porém, apesar do crescimento, teve um fator que não mudou: a família dentro do negócio.
Isso porque até hoje quem comanda a presidência do conselho da empresa é o filho de Ivo, Clovis Tramontina, bem como o filho de Ruy, Eduardo Scamazzon.
Ou seja, as gerações seguintes foram inseridas no negócio e se mantêm lá até hoje.
Desafios da sucessão empresarial no Brasil
Lendo assim parece até ser fácil manter a família dentro do negócio.
Afinal de contas, eles também tiram proveito de toda essa estrutura e tem a oportunidade de comandar uma grande empresa, sem a necessidade de todo aquele esforço inicial que os pais tiveram.
Contudo, não é bem assim.
Na prática, o primeiro desafio encontrado é fazer as próximas gerações terem interesse pelo negócio.
Nem sempre os filhos desejam seguir com o negócio dos pais, seja por terem outros interesses profissionais ou até mesmo por falta de conhecimento de como aquilo funciona.
Por vezes, é uma falha dos próprios patriarcas de não criarem um plano de sucessão para seus filhos e inserirem eles na ideia de um novo negócio.
Isso porque, para que eles tenham interesse, desde novos precisam ter conhecimento de como o negócio funciona e de como ele traz oportunidades mesmo para alguém que já é da família.
Outro ponto é que muito se confunde patrimônio, família e negócio.
As gerações principalmente confundem esses três pilares.
Acreditam que por terem direito ao patrimônio, logo têm direito à empresa, mas o ideal não é que seja assim.
Essas três esferas precisam ser separadas para que o negócio também caminhe bem.
Confundir esses três pontos pode gerar muitos problemas dentro da empresa, como, por exemplo, a influência da relação familiar numa tomada de decisão de negócio.
Uma solução para isso, por exemplo, é ter uma governança corporativa e familiar bem estruturada.
São coisas como essas que precisam ser evitadas para que o plano de sucessão empresarial seja bem-sucedido.
O que a família Tramontina fez para ter uma sucessão empresarial que funcionou
Então, sabendo disso tudo que falamos, o que a Tramontina fez de diferente para ser bem sucedida com a sua sucessão empresarial?
Em primeiro lugar, podemos perceber que a Tramontina cresceu de forma estruturada, não só na sucessão, mas também no negócio.
Foram sendo abertas filiais, alterou-se o tipo societário da empresa, foram incluídos novos sócios, todas melhorias para que a empresa continuasse crescendo.
Esse é um diferencial porque o que muitas famílias falham é justamente ter apenas a mentalidade de empresa familiar, de se manter pequeno, dentro do núcleo.
Por vezes é preciso abrir mão disso, para aceitar novas ideias, novas pessoas, que farão com o que o negócio continue ao longo dos anos.
Nisso a Tramontina acertou em cheio.
Outro ponto que é de conhecimento é que a Tramontina elaborou um acordo, em 2022, de que cada família ocupará a presidência do conselho da empresa, para que haja uma alternância nessa posição.
Hoje a empresa já está na 4ª geração e a estrutura já compreende esses membros da família, que irão ocupar o cargo da presidência de forma alternada.
Então, percebe-se que existe todo um planejamento por trás, para que todos exerçam a sua participação de forma igualitária dentro do negócio, o que evita muitos casos de desavenças que vemos por aí.
Certamente, outro ponto que a Tramontina possui de forma muito forte é uma governança corporativa, para que todos esses ajustes sejam transparentes e haja uma boa comunicação no grupo como um todo.
Sem planejamento, dificilmente as empresas conseguem continuar por muito tempo, em especial quando se perde uma figura de autoridade, como um patriarca ou matriarca.
Portanto, é por isso que até hoje a Tramontina segue colhendo frutos, mantendo a empresa ainda em mãos dos grupos familiares envolvidos.
Como fazer um plano de sucessão empresarial?
Mas, afinal de contas, como começar esse plano de sucessão?
Sem dúvida alguma, o primeiro passo é que você tenha uma assessoria especializada nesse assunto.
Especialmente pelo fato de que a sucessão envolve diferentes formas.
Por exemplo, há a sucessão societária, para transferência de quotas de uma empresa, por exemplo, e também a sucessão do negócio, que é diferente desta.
Em ambos os casos é preciso que seja feito um estudo sobre a situação da empresa, patrimônio e também da família.
É preciso entender quais são os interesses de quem comanda hoje o negócio e também das gerações que estão para entrar.
Sem isso, não há como criar um planejamento dessa sucessão empresarial.
Nesse sentido, aqui no escritório gostamos de trabalhar inicialmente com um diagnóstico, para entender todos esses pontos-chave.
A partir disso, elaboramos um plano de ação, de acordo com as melhores estratégias para aquele caso específico.
É com base nisso que vamos conseguir estruturar um bom plano de sucessão empresarial, que vai permitir essa longevidade do negócio dentro da família.
Se você quer saber mais sobre isso, entre em contato conosco.
Temos um time de especialistas em todas as áreas que você precisa para fazer essa sucessão empresarial.
Será um prazer atender você e sua família nessa jornada.
Bergesch Advogados
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